Por que tantas fábricas de espuma pegam fogo?

 

As Espumas Flexíveis de Poliuretano são materiais de muito fácil combustão. São materiais alveolares, normalmente de células abertas, isto é, de fácil fluxo de ar, que contém o oxigênio (comburente), um alimentador do fogo. Assim, uma gama de possíveis fontes de calor podem fazer com que as espumas entrem em combustão. Até mesmo o calor liberado no meio reacional durante a formação da espuma de poliuretano, através da exotermia produzida pelas reações químicas, podem produzir a quantidade de calor necessário para o atingimento das temperaturas de combustão do material.

 

Como causas de incêndio em setores de espumação, laminação e/ou estocagem de blocos de espuma ou de produtos acabados, podem ser citadas as seguintes possibilidades:

  1. Balões de São João e fogos de artifícios;
  2. Curtos-circuito provenientes de sobrecarga da rede elétrica ou de instalações elétricas inadequadas e perigosas;
  3. Bitucas de cigarro (guimbas);
  4. Resíduos incandescentes de soldagem;
  5. Faíscas de esmeril de laminadoras;
  6. Superaquecimento de moinhos (flocador);
  7. Formulações de Espuma perigosas;
  8. Erros na pesagem de produtos químicos;
  9. Produtos químicos fora das especificações técnicas;
  10. Sabotagem.

O item 1 provoca incêndios quando um balão de festa junina, ainda aceso, cai sobre o telhado de uma fábrica, e dependendo do tipo de telha, a bucha ainda acesa pode derreter e perfurar a telha caindo sobre uma espuma ou produto acabado. Quanto aos fogos de artifício (pirotecnia), caso se projetem para dentro de um galpão de fábrica de espuma, pode ter contato com alguma espuma e provocar o sinistro.

 

O item 2 provoca incêndio quando faíscas elétricas, ou centelhas, sobre as espumas, ou produtos de espuma, podem provocar a combustão do material. Aqui se inclui também uma eventual descarga elétrica de um raio, uma vez que o Brasil é um dos campeões de queda de raios do planeta. 

 

O item 3 é uma das maiores negligências de causa de incêndio. Terminantemente, tem que ser proibido fumar em fábricas de espuma. Um descuido bobo no descarte da bituca de cigarro num canto de fábrica, onde há eventualmente, pedaços de espuma, pode provocar um incêndio, da mesma maneira quando bitucas são jogadas pelas janelas de veículos e caem sobre a vegetação seca à beira das estradas.

 

O item 4 é também outra negligência quando se faz algum serviço de soldagem num galpão de espumas ou produtos acabados de espuma. Uma fagulha incandescente de solda que eventualmente caia sobre uma espuma, ou material à base de espuma pode provocar um incêndio em fábrica.

 

O item 5 corresponde às caixas de proteção dos esmeris de afiação das lâminas de uma laminadora é um local onde pode se acumular excesso de pó de espuma resultante do processo de laminação. Essas caixas devem ser abertas e limpas com certa frequência para prevenir o risco de incêndio, principalmente, quando se deixa pedaços de blocos sobre a mesa da laminadora.

 

O item 6 diz respeito a pedaços de espuma que ficam entre as engrenagens ou partes do flocador e se superaquecem com o atrito das facas ou engrenagens do mesmo. É sempre importante a varreção e limpeza da área do entorno do moinho e a verificação para retirada de pedaços de espuma eventualmente dentro do moinho após seu uso.

 

O item 7 é de responsabilidade dos formuladores. É necessário que saibam exatamente o grau de risco de incêndio de suas formulações. Este é um tópico muito abordado em meus cursos.

 

O item 8 abrange os possíveis erros de pesagem das quantidades de TDI, água e cloreto; de erros às vezes provocados pelo esquecimento de se efetuar a tara dos baldes de pesagem ou de conferência periódica das balanças de pesagem, tanto as manuais quanto aquelas de células de carga das torres de pesagem. Pesar TDI a mais, água a mais ou cloreto a menos, podem provocar o aumento da temperatura interna dos blocos de espuma ao ponto de sua autocombustão por exotermia elevada.

 

O item 9 parece ser o pivô de muitos incêndios recentes na história das espumas flexíveis de expansão livre aqui no Brasil. Teoricamente, qualquer produto químico contaminado, dependendo do agente contaminante, pode provocar incêndio em blocos de espuma recém preparados. Entretanto, a maior incidência de aumento de exotermia observada no mercado, parece estar ligada aos polióis e/ou aos copolímeros. Um comentário à parte será feito no campo ao lado direito desta área.

 

O item 10 é devido à intenção proposital de se provocar um incêndio em fábrica de espuma. Seja por qual motivo for, é uma possibilidade que nunca deve ser descartada.